domingo, 30 de maio de 2010

pulando mais uma vez
quase woodstock
uma cama pequena
Corri, nunca corri tanto. Correr de medo é horrível, porque não importa se você não aguenta mais, se você parar vai ser pego, o que é pior do que suas pernas doendo e sua garganta clamando por água. Quando vi que o número de pessoas era pouco, o terror subiu a espinha. Poucas pessoas = Surra ou prisão. Cada um por si, nem quem nos protegia esperou, minhas pernas já não acompanhavam o ritmo dos outros, comecei a andar, não fui a única, tentei parar em alguns estabelecimentos mas fui enxotada, obviamente eles não iriam querer problemas com a polícia por causa de meia dúzia de baderneiros não é? Lixo estava espalhado por todo o caminho. A esperança de não ser pega se acendeu por um segundo quando vi os carros passarem por nós, mas não durou muito, eles logo vieram atrás de nós que estávamos inocentemente sentados na frente de um prédio, "Agora vai sobrar pra nós", o egoísmo vai acabar com essa cidade. Fiquei olhando pra parede ouvindo barbaridades ditas pelos policiais que deviam nos proteger, mas o que mais queriam era nos bater, porém foram impedidos pelas câmeras de segurança. O que eles diziam chocava, eu ri, "o que tu tá rindo sua vagabunda?", minha vontade de responder subiu a garganta, mas me contive pelo meu próprio bem, se eu fosse levada iria apanhar muito, e não só da polícia. Fui liberada, saí perdida, procurando por alguém, ouvi os berros, corri de novo, encontrei-os, mas ainda faltava um, mais tarde descobrimos que ele tinha sido levado, sem nenhum motivo, em outro lugar mais um de nós era preso, voltamos pro centro com dois a menos e a preocupação estampada na testa.
No dia seguinte uma distração foi proposta, e em cima da hora preparamos uma desculpa pra ir, alguém que eu queria que estivesse lá não iria, talvez por isso tenha feito o que fiz, se ele fosse as coisas teriam sido diferentes, mas eu não reclamo, isso demonstra que ele não se importa, é perda de tempo e desgasto de coração.
Em meio ao som e churrasquinhos, molhei muito meus pés, curti uma vibe muito boa e vi cenas estranhas do meu lado, estranhas só até elas acontecerem comigo também, meio surreal, não sei se estava em sã consciência, acho que aquele ambiente influenciou muito, não quero tentar justificar, o que justifica é que eu quis, e provavelmente já quis antes mas nunca pensei no assunto realmente e como eu tenho feito coisas sem pensar essa foi uma das minhas ações irracionais. Arranjamos um lugar pra dormir, estava com medo de ser posta pra fora, mas longe disso, conheci uma figura, bêbado ainda, o tipo de parente que eu gostaria de ter. Enfim, cheguei em casa, dormi e a culpa veio em forma de sonho, não culpa por ele, mas por mim em relação a ele, só que a minha relação COM ele não existe e é disso que tenho que lembrar.

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