domingo, 20 de junho de 2010

Fechei os olhos, deitada em seu ombro estrangulei as lágrimas que queriam sair, mas, teimosas, se soltaram contra minha vontade. Na quietude que implicava àquele momento, tentei ficar imóvel, tentando passar-lhe uma transfusão de vida, da esperança que já não possui, vi isso em seus olhos quando finalmente abri os meus. Estavam vidrados no teto, ou quem sabe, vendo além, um lugar melhor, um paraíso bem diferente do que vive, onde os remédios já foram tomados e as mentiras não existem. Seus olhos nunca me deram tanto pavor, estavam vazios, inertes, somente duas bolas de cor, por alguns segundos pensei que ela havia me deixado, para procurar pela paz, me deixando aqui com uma granada nas mãos que foi criada para explodir incessantemente e a qualquer momento. Seu rosto era a visão da morte, a senti rondando, passando o dedo gélido por minha espinha, soprando em meu ouvido, entrou em meus sonhos e me deu uma visão, como se a realidade pudesse ser assim, e agora estava ali se mostrando nela, a morte em vida.

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