domingo, 5 de dezembro de 2010

Acabou-se o que era doce.

- E você se imaginava aqui hoje? Eu não, não mesmo. Não tinha a mínima suspeita de onde poderíamos chegar.
Em cima do inesperado se baseava a nossa conversa. Discutíamos e ríamos, afinal, estávamos em uma outra dimensão, como de costume. Por fim chegamos a uma conclusão: nada, não sabemos de nada. Pretensioso como o ser humano é, sempre acha que sabe de tudo, principalmente do futuro, mas ele não tem a imaginação tão fértil quanto de uma Força Maior lá em cima. Fim de ano sempre a mesma ladainha, o mesmo "espírito natalino" e a vontade de começar do zero. Eu, por minha vez, não consigo não ser atingida por essa nostalgia. Regrido meu pensamento a um tempo que parece anos-luz atrás. Mais uma virada de ano, quase meia-noite e ainda estávamos parados na fila, mas chegamos a tempo para ver os fogos bem ao longe, como pingos coloridos de luz repletos da esperança de cada começo de janeiro. Se eu soubesse o que estava por vir não sorriria tanto. Mas eu não sabia e por isso mesmo mal me importei com ele por ali, as voltas com sua namorada, não iria atrapalhar o casal. Fui me tocar da sua presença na última vez que o vi, um último abraço de apoio em meio àquele turbilhão, uma promessa de sempre estar comigo foi selada, mas não foi cumprida. Não porque ele não quisesse cumprir, mas porque ele não teve alternativa, nós não tivemos alternativa a não ser vê-lo sendo tirado de nosso meio, nosso eterno soldado. Sabe o que é sentir aquele vazio no peito que nunca vai ser preenchido? Sabe o que é adquirir o trauma de perder alguém que você ama? Depois daquele dia nada mais ficou certo, nada mais se encaixou direito, mesmo que o resto fique bem, isso nunca vai ter solução, é a maldita morte que , ou vem para nos dar o descanso eterno ou para nos tirar o sossego. E como se não bastasse isso ainda tinham os outros tantos problemas, mas não reclamo deles, acho que boa parte foi por erro meu, mas também não afirmo que tudo foi um erro, acredito que tudo teve um encaixe perfeito, o tempo certo para tentar e desistir, para aprender e ver o que realmente servia para mim e hoje já não sei mais o que é acaso ou o que não é. Pois tenho minhas dúvidas quanto a destino e essas coisas, mas que algumas coisas pareceram predestinadas a me levar por um certo caminho, ah isso pareceram. Contudo não desafirmo e nem descomplico. Ainda fico meio pasma com esse passado recente, ao mesmo tempo que foi estranho, tornou-se natural. Não que só tenham tido momentos ruins, bem pelo contrário, descobri uma nova visão das coisas, uma nova cor para quadro pincelado, para cada pôr-do-sol, um outro contato com a vida e posso dizer que já não tenho mais certeza de nada e isso me libertou, expandiu minha mente. Discutimos sobre esse passado constantemente, não sei o porquê, afinal passou. Talvez para entendermos melhor como chegamos onde chegamos e descobrimos que... uou! Por essas a gente não esperava, nunca se espera ser tão surpreendido, ver tudo o que você temia há tempos atrás se tornarem coisas naturais no seu cotidiano. Não. Não foram simples medos superados. Foi uma singela revolução, uma revolução de dois seres. E então eu me pergunto, o que mais nos espera?

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