domingo, 12 de junho de 2011

Invernando.


Sentada embaixo de uma árvore aproveito meus poucos minutos do dia ao ar livre. Em minha mão mais um panfleto. Se eu quero a cura para os meus problemas? Querer até quero, mas não com macumba, obrigada. Seres e mais seres passam por mim, mas o céu continua o mesmo, quase todo azul, do jeito que eu gosto. O cheiro da fumaça vai ficar nas mãos. Dane-se. Só estou matando tempo até voltar a minha rotina de vida adulta. Tenho responsabilidades agora. Todos tem. Correm pra lá e pra cá. Objetivo? É o que me pergunto. Volto aos meus afazeres sabendo que a próxima vez que eu ver o céu ele também vai ter mudado de cor. Os dias são basicamente os mesmos, do ultra-violeta ao infra-vermelho.
Toda manhã procuro o banco mais próximo do mar, embalada numa trilha sonora que só eu escuto. A monotonia tem corroído meus ossos. Sei de cor e salteado a ordem dos fatos. O cotidiano costuma ser cruel. Mas, felizmente, os dias não vêm em pacotes fechados, eles ainda me permitem não querer pensar e de repente te ver. Me permitem sentir frio várias vezes e de vez em quando ter você para me aquecer.
Sufoca a alma este tempo morto e esta fase amena, mas apesar dessa mornidão, deixo fluir o acaso. Pé ante pé ele espera um momento meu de distração. Às vezes eu queria que o acaso tivesse mais pressa de chegar, mas nas mãos só possuo a ilusão de que posso controlar alguma coisa. E os dias continuam trocando de cores. Às vezes cinza, outras vermelho, na sua maioria previsíveis. Assim é a regra, mas, por mim, eu viveria das exceções.

Um comentário:

  1. "Às vezes eu queria que o acaso tivesse mais pressa de chegar..."

    Pelo menos, o acaso feliz de ler isto.

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