As cartas que eu não mando.

Só quero registrar minha atual angústia. Falta pouco se tornou meu lema de vida. Vivendo a mercê do aguarde... Aguarde o computador carregar... Aguarde na fila... Aguarde sue chefe te pagar. Sinceramente não vejo muito livre-arbítrio nisso. De que adianta sermos livres para escolhermos se, muitas vezes, o que queremos escolher não faz parte das opções? Das duas uma, ou se espera para ver ou se fica com as opções que tem, eu fiquei. Sei lá pra onde elas estão me levando, mas que me levem a dias com menos desperdício de horas. Chega de horóscopos fajutos. Irei me guiando pelo tato, pelos tropeços e pelas luzes que nunca cansam de me acordar. Quero sair do piloto automático. Bom dia. Roupa. Unha. Cabelo. Comida. Blábláblá. Nós e esta nossa natureza de ser anti-natural... Os ciclos não se fecham, os dias previsíveis e a espera, ela que tanto me angustia, sentada do meu lado sentindo um gostinho de fim de primavera, onde o vento que balança as flores dá a sensação de que o melhor ainda está por vir.