domingo, 8 de agosto de 2010

Minhas horas, meu dias, minha noite, minha boemia

Disse-me que eu não ia lembrar de nada. Bom, lembro de boa parte, o suficiente para saber o quão bom foi. Lembro de estar deitada no chão, em um lugar surreal, em uma freqüência diferente da do mundo real, o tempo passava muito devagar, o ponteiro dos segundos se arrastava, mas eu não me preocupava com as horas, queria relógios longe de mim. Havia um braço sob meu corpo e um rosto apoiado no meu ombro, respirando baixo. As pontadas de frio iam e vinham pela minha espinha, eu gostava de sentir o arrepio do vento, do chão molhado encostando na minha pele. Acima de mim havia um manto celeste, cheio de estrelas vivas que não paravam em uma cor, queria comê-las se possível, estendia a mão e quase tocava nelas, elas corriam livres por uma noite onde até o sol estava presente, ele estava lá em algum lugar, escondido atrás das montanhas pronto pra dissipar toda a magia das estrelas menores. Meu peito arfava baixo, inquieto, não queria sair dali, protegida debaixo de um abraço, palavras eram ditas surdas no abismo que estava a nossa volta, não sabia onde estávamos, ouvia vozes, mas não sabia em que direção elas estavam, e estavam muito longe, nos deixaram ali, passaram-se dias e estávamos ali ainda. Ele me fazia rir, tanto e tão leve que nem lembrava mais, ele estava engraçado, eu estava engraçada, ele falava e eu não queria parar nunca mais de rir, as gargalhadas pareciam dar eco. Eu não via a fumaça, eles realmente tinham se afastado, trocaram de lugar, queria procurá-los, fiquemos mais a sós, não procurei, não queria estragar aquele nossa bolha, só de nós, achei que a tinha perdido, mas ela estava de volta, senti tanta falta, mas tanta que nem eu sabia até ele me puxar pra perto dele, só não queria ter que acordar longe dali, longe da nossa estrela mais brilhante, ela deve ser de tantos outros casais, mas ali foi nossa, queria levá-la para realidade, pois é ela, a realidade, que consome todos os relacionamentos, porém fugir dela é impossível, hoje mesmo a bendita já está aqui escancarando o que eu devo ou o que eu quero escolher, opções opostas, ele não quer me magoar, mas talvez isso seja inevitável, já não há mais volta. Passamos pelo mesmo caminho onde tempos antes, não sei ao certo se horas ou dias, tínhamos passado, tínhamos prometido que não íamos discutir, essa noite era pra curtir e foi exatamente o que fizemos.

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