quinta-feira, 4 de abril de 2013


Muito papo, pouca ação. Muito corpo pelado e coração tapado. Frases feitas e a bunda na cadeira do computador. Nunca o sentido visual foi tão utilizado como agora, se não é visto não é lembrado e se é visto é montado na roupa simetricamente largada para dar um ar de descolado, ou no cenário que demonstre o que querem passar, que geralmente é a mesma coisa: imagens de momentos felizes pra fingir que sua vida também é assim, as micro-ondas cibernéticas se tornaram uma segunda vida para substituir as frustrações da primeira. O supérfluo se tornou bonito, a opinião dos outros virou mais importante e a construção de uma imagem refletida sobre a retina alheia é o que manda na era moderna, e o que é interno foi escondido e o deixaram vazio, fecharam as portas de dentro para enfeitar o lado de fora. Difícil é não se deixar levar, sem hipocrisia, pois se falo dos outros falo de mim também, afinal, faço parte desse todo. Mas lá no fundo bate a angústia de querer ser diferente, de voltar às origens, de ser criança novamente, quero ter esperança de que nem tudo está perdido, porém para isso é preciso limpar-se de dentro para fora, tanto tempo acostumada a ser motivada pelo ego torna mais difícil mudar os hábitos. É preciso mais do que mudar, é preciso morrer. Temos que matar o que nos faz não sermos nós mesmos, mas sinto que não estamos sozinhos nessa, há um poder maior, um plano direcionado para a evolução, meta essa que parece tão distante em um mundo considerado real, onde você é tirado para louco e antiquado se tenta ser menos materialista e ter princípios. Cansa, porque não é rápido, muito pelo contrário, é uma morte lenta do eu, há uma grossa e pesada camada de pensamentos e ilusões sobre o túnel interno de luz a que devemos chegar, é uma guerra constante entre o leão e o cordeiro que habitam dentro de nós.  Falta por-se no seu lugar para não olhar ninguém de cima para baixo, todos somos seres amedrontados que tentam disfarçar seus traumas e enxergar os defeitos dos outros para justificar os próprios, tentando assim sentirem-se melhor. Falta olhar além do rosto e das formas do corpo e perceber, lá bem no fundo, a pureza da essência divina que há em cada indivíduo. Falta humildade para reconhecer a futilidade contida em nossas preocupações diárias, se tocar que elas passam e o tempo e espaço continuam eterna e gigantescamente. Falta parar de lavar as mãos em relação ao meio ambiente e reconhecer o nosso papel como animais e como pequenos átomos de um organismo infinito. Falta respirar mais e pensar menos, é necessário doar-se para se sentir leve, é crucial dançarmos a dança dos chackras para finalmente abrir a consciência e perceber como tudo é interligado, e para fechar a receita falta desapego, largar mão do orgulho, da ira, da inveja, temos que voltar ao que é original, botarmos mais os pés no chão, sentir a terra, o vento, sentir a chuva, o calor da luz. Nada disso é fácil, mas está longe de ser impossível, pois fomos criados para isso, resta-nos apenas recordar para despertamos de vez. No percurso da história até hoje tudo foi ficando mais complexo, mas foi preciso passar por tudo isso para por fim percebermos que a evolução encontra-se na simplicidade.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário